Cambaio
(poemas)
(In RABELO, Gustavo. Cambaio. Brasília:
Coelhos da Selva Editores, 2021, p. 89)
SENHA
No oceano da entrega
o corpo a corpo
é braço de mar bravio
:rota sem desvio
eis a senha
em úmida
e quente
ponta de língua
ansioso cio
se desenha
em súbito
instinto pungente
o mútuo querer
não míngua
revela-se urgente.
PÓ
(In RABELO, Gustavo. Cambaio. Brasília:
Coelhos da Selva Editores, 2021, p. 83)
Eu só quis ser
um ser tão teu.
Tu(?)
Sozinha talvez
Somos pó!
Eu(?)
Ser tão só
:Sertão sem tua tez.
Não é minha vez.
Assim o mundo caminha
:não sou teu
:não és minha.
ENTRELUGAR
(In RABELO, Gustavo. Cambaio. Brasília:
Coelhos da Selva Editores, 2021, p. 65)
Na entrelinha
do silêncio
há o entreolhar.
Entre cá e lá
lugar-comum
:entrelugar.
Entre
uma e outra
xícara de café
esfumaçou-se
a fé.
A lucidez morreu.
O sonho(?)
Em coma.
Entretanto
:respira
:mantém-se
de pé.